Fotos: Beto Albert (Diário)
Clenir espera o 3º filho. Ela foi resgatada de helicóptero prestes a ganhar a Ravena Esperança (na foto). Leonardo aguarda o novo irmão ou irmã.
Os últimos cinco meses são considerados de recomeço para a Clenir Terezinha Speridião, 34 anos. Tempo suficiente para a barriga crescer e o movimento de repousar a mão na barriga reaparecer. O novo ou a nova integrante da família virá alguns meses depois da chegada de Ravena Esperança Speridião Pape, que comemorou 1 ano no dia 2 de maio. O segundo nome é fruto da batalha da mãe em ganhar a pequena em segurança, após ter sua casa ilhada no interior de Agudo durante as fortes chuvas na Região Central em maio do ano passado e ser resgatada de helicóptero para o parto.
Nesse Dia das Mães, Clenir comemora novos tempos em outra casa, com a presença da mãe, ao lado do marido e à espera do terceiro filho. A reportagem esteve no atual endereço na última quarta-feira (7) e revisitou a história da família que alcançou milhares de pessoas pelas redes sociais. Confira no vídeo:
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Para o filho mais velho de Clenir, Leonardo, 12 anos, o momento do maior evento climático no Estado se mistura com as horas antes de Ravena nascer. Ele viu a mãe e a avó, a aposentada Orilde Pereira, 76 anos, serem levadas pelo helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Ele narra o sentimento de espera. Foram cerca de oito dias junto ao pai até que a irmã chegasse ao lar.
– Lembro quando o helicóptero veio buscar a mãe. Dei um abraço e um beijo nela e na vó. Elas subiram no helicóptero e foram indo. Estava chovendo bastante. Depois, o pai e eu colocamos a mochila nas costas e descemos para casa – narra Leonardo.

Ravena nasceu em meio à tempestade, quando a água levou a terra no entorno da antiga casa da família, na localidade de Nova Boêmia, interior de Agudo. Eles ficaram ilhados, sem água e luz. Para acessar o helicóptero, deslocaram-se por terra e com muita chuva. O retorno à casa também foi marcante, pois passaram por dentro d'água, já que o caminho terrestre ainda estava inacessível. Clenir fica aliviada ao saber que o próximo filho ou filha não nascerá em maio. O momento é de recomeço:
– A gente sempre relembra. Isso nunca vai ser esquecido. Mês de maio é sempre complicado, mas, este ano, teremos mais um bebê, e graças a Deus, este ano não vai nascer em maio. Estamos numa casa nova, com um trabalho diferente. Nem se compara ao ano passado. Ravena foi esperança, agora, o futuro bebê vai ser continuação. É mais felicidade. Um bebê na casa é sempre uma bênção.
As características de Ravena
Ela nasceu sorrindo e com sede de viver, descreve a mãe. Logo que nasceu conseguiu se alimentar. Desde então, Ravena mostra cada vez mais suas características: eufórica e curiosa, descreve Clenir:

– Ela está querendo falar. Ela está bem desenvolvida e desenvolta. Nasceu no meio de toda a tempestade, não tem como ser calma. Ela está sempre assim, eufórica. Ela não para. É a personalidade.
Viralizou nas redes
Além das memórias, a família teve suas vidas transformadas a partir de um vídeo que viralizou. Tudo começou com uma gravação espontânea do pai e filho, mas com o tempo a mãe e a Ravena aparecem mais. Clenir comenta que melhorou a desenvoltura e a fala nos vídeos.
O primeiro, tocou milhares de pessoas. O telefone estava nas mãos de Leonardo e gravava seu pai, Altair Pape, 41 anos, chegando com uma cesta básica nos ombros. O desafio era se deslocar para buscar os alimentos, já que a estrada que liga outras localidades às casas desapareceu depois das chuvas e desmoronamentos. Na filmagem, o filho dizia:
– O pai vem de lá (cidade) até aqui caminhando com aquilo nas costas. Ele não tem guarda-chuva, não tem nada, mas dá para ter orgulho de um pai assim. Isso sim que é um pai.
Desde então, a família não parou de produzir conteúdo para as redes. A principal conta é no tik tok. Hoje, com 320 mil seguidores. No Instagram, o perfil se propagou rapidamente, mas a conta está desativada e a família busca na justiça reaver o domínio. O novo trabalho rendeu uma casa nova e após um mês, a família se mudou para a localidade Linha das Pedras, 11 km da antiga casa, e 29 km do centro de Agudo.
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